CADERNOS DE PESQUISA: PENSAMENTO EDUCACIONAL

Editorial

Maria Arlete Rosa — 2024-12-17

Século 21 e a formação de professores no Brasil

Bernardete Angelina Gatti — 2024-12-17

Este texto aponta que a formação de professores está intrinsecamente relacionada com a expansão da educação básica. De início, é preciso considerar que a educação básica no Brasil, e também a superior, tiveram sua expansão tardia em comparação com outras nações da América do Sul, e, muito mais em relação à América do Norte. Com esse traço histórico chegamos ao ano de 1950 com cerca de 50% de nossa população sem saber ler ou escrever e com um cenário no ensino superior composto por poucas instituições e oferta de cursos. Verifica-se que a atenção e o estímulo de governos sucessivos em relação à formação de professores nem sempre foi a necessária, embora não tenham faltado em vários momentos de nossa história manifestações e movimentos que lutavam pela melhor qualificação e valorização da docência na educação básica e a formação dos professores. Os temas aqui apresentados são objeto de reflexão neste artigo.
Palavras-chave: Formação de Professores; Políticas Educacionais; Educação Básica e Superior.

Recuo ou avanço da democratização da escola básica em Moçambique? Uma reflexão a partir do Manual de Apoio ao Conselho de Escola de 2015 em vigor

Crescêncio Tamele — 2024-12-17

A legislação educativa moçambicana vigente de 1992 até à actualidade preconiza que o sistema educativo moçambicano se norteia pelos princípios básicos democráticos, como forma de permitir que, na gestão e administração escolar, haja participação dos pais e/ou encarregados de educação e membros da comunidade no geral. Partindo desse pressuposto, através de uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfico e uso da análise documental como técnica de recolha de dados, propusemo-nos a reflectir acerca da democratização da escola básica em Moçambique a partir das orientações emanadas no Manual de Apoio ao Conselho De Escola de 2015 em vigor. Os resultados do estudo apontam que, diferentemente do anterior Manual de Apoio ao Conselho De Escola vigente de 2005 a 2014, o manual em vigor desde 2015 apesar de preconizar que o conselho escolar é um órgão máximo da escola, o mesmo não detem do poder deliberativo, mas sim consultivo. Diante desta constatação, levanta-se a seguinte reflexão: Será que haverá avanços ou recuos da democratização da escola num contexto em que o conselho escolar se afigura como órgão consultivo e não deliberativo? 2. Se mesmo aquando da vigência do manual de conselho da escola que atribuía o poder deliberativo ao conselho escolar, a participação dos membros do conselho da escola nos processos decisórios já era limitada, como será com a vigência do manual de 2015? Portanto, a hipótese que se levanta neste estudo é de que o manual do conselho da escola em vigência pode retroceder os avanços da democratização da escola básica até aqui alcançados à luz do anterior manual visto que a gestão diária da escola reflecte as políticas e directrizes emanadas a nível central.

Palavras-chave: Escola Básica; Democratização escolar; Conselho da Escola.

O Bêbado e a equilibrista: a educação pública na corda bamba entre a eficiência e a equidade, no caminho da reforma empresarial

Tatiani Maria Garcia de Almeida — 2024-12-17

Este artigo tem como objetivo fazer algumas observações críticas sobre o movimento no sentido do empresariamento da educação que atinge o Brasil a partir das determinações do Banco Mundial. O movimento da reforma empresarial da educação desenvolveu-se nas últimas décadas em escala mundial, tendo como pressuposto teórico-metodológico o ideário neoliberal, tendo como base a reforma (ou contrarreforma da educação) planejada e implementada nos EUA e no Chile. A partir deste contexto, refletimos sobre seus impactos na educação brasileira.

Palavras-chave: Políticas Educacionais; Empreendedorismo; Reforma Educacional.

Escola, Juventude(s) e Currículo do Ensino Médio

Amelia Escotto do Amaral Ribeiro — 2024-12-17

Tensões e contradições quanto à função e ao sentido do Ensino Médio, no contexto brasileiro, são recorrentes. Boa parte delas são provocadas pelas aproximações e distanciamentos entre a escola, o currículo e a(s) juventudes(s). Esse cenário é fortemente influenciado pelo acesso à escola de novos sujeitos, cuja pluralidade de perfis e aspirações desafiam currículos, práticas e oferecimento de uma formação humana integral (DAAYRELL, CARRANO, MAIA, 2014). Considerando dados de pesquisa qualitativa (LUDCK; ANDRÉ, 1986) e inspirado no paradigma indiciário (GINZBURG 1992), este artigo reflete sobre a função e os sentidos do Ensino Médio com base nas percepções de estudantes da Baixada Fluminense/RJ. Esses sujeitos, apesar da descrença em relação à escola, reeditam a ideia de preparação para o futuro, enxergando-a como lugar de acesso ao conhecimento por meio do ensino e como espaço de formação para o trabalho

Paradigmas educacionais na prática pedagógica: uma visão da complexidade e inovações alinhadas à BNCC

Marcos Eduardo Chella — 2024-12-17

Este estudo analisa as contribuições do paradigma da complexidade para a prática pedagógica, com ênfase na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A investigação parte da crítica ao modelo tradicional fragmentado, insuficiente para responder às demandas do século XXI, conforme argumentado por Edgar Morin. A partir de uma análise documental e revisão de literatura, discute-se como a transdisciplinaridade, defendida por autores como Nicolescu e Morin, pode proporcionar uma educação mais integrada e alinhada com a realidade complexa. O trabalho examina os desafios e oportunidades da implementação das diretrizes da BNCC, propondo práticas pedagógicas inovadoras que promovam a interdisciplinaridade e a formação integral. São apresentadas estratégias como a aprendizagem baseada em projetos e o trabalho colaborativo entre disciplinas, visando capacitar docentes para uma abordagem educativa que valorize a interdependência dos saberes e desenvolva competências críticas nos estudantes. Conclui-se que a adoção do paradigma da complexidade é essencial para uma educação que prepara cidadãos para lidar com as incertezas e a interconexão da realidade contemporânea

História Local nas séries iniciais do município de Irati – Paraná

Geyso Dongley Germinari — 2024-12-17

A História Local tem sua importância em valorizar memórias coletivas e resgatar histórias que são esquecidas em detrimento de uma história oficial. Por muito tempo, as histórias aprendidas e perpetuadas eram somente dos dirigentes municipais, dos heróis; ou seja, os sujeitos comuns permaneceram silenciados. Com isso em mente, justifica-se o presente trabalho, fruto de um projeto de doutoramento em Educação, que está em sua fase inicial. Partindo de conceitos e problemáticas que dizem respeito à História Local, pretende-se compreender quais são as perspectivas de história local presentes nos anos iniciais do ensino fundamental do município de Irati, Paraná. Neste trabalho, apresentaremos os pressupostos teóricos, visto que a pesquisa empírica ainda não foi iniciada. Para tanto, os autores que servirão de aporte teórico em História Local são: Pierre Goubert (1988), Raphael Samuel (1990) e José D’ Assunção Barros (2005, 2010, 2022). Para tratar sobre o Ensino de História nos anos iniciais, apoiaremos em: Guimarães (2012), Bittencourt (2018), Luporini e Urban (2015), Cooper (2006, 2012) e Schmidt e Cainelli (2004). Acreditamos que essa proposta de estudo se torna importante na medida em que será útil para futuras pesquisas que busquem compreender onde a História Local se situa no ensino de história no município de Irati e como os docentes ensinam e compreendem essa proposta de ensino.

A Educação Ambiental na reconstrução socioambiental em face do desastre em decorrência da emergência climática

Aloisio Ruscheinsky — 2024-12-17

O trabalho tem o propósito de proporcionar algumas ponderações sobre as perspectivas atinentes às circunstâncias de uma policrise no território do RS, que se configurou como inundações que geraram demandas emergenciais e reorganização de estruturas de proteção socioambiental, bem como novos horizontes para a educação ambiental. Como objetivo se elaboram estas considerações tendo em vista estabelecer um nexo como os desafios possíveis de apontar para o campo da educação ambiental, tanto quanto e climática em contextos adversos e diversos. Do ponto de vista do método, trata-se da produção de um conhecimento aberto, dialógico e reflexivo que encontra uma rigorosa vinculação entre a perspectiva teoria, metodológica e seu engajamento com problemas recorrentes à prática socioambiental. Este encaminhamento desencadeia uma adesão e articulação de feições complexas que é a interdisciplinaridade como mecanismo do conhecimento. No entremeio da discussão se sinaliza para as convergências entre crises múltiplas, conflitos persistentes, riscos socioambientais e sanitários, mudanças tecnológicas e climáticas. Como resultado admoesta-se que estas temáticas podem ser objeto dos processos de educação ambiental como política pública com potencial para incidir sobre as mudanças climáticas. Estas características são atributos de relações sociais estabelecidos, da modernização política e produção de mercadorias, que por sua vez desafiam ou escapam à tarefa de controle por parte das instituições sociais.

Uso da realidade virtual e realidade aumentada como recurso didático no ensino médico

Vivianne Reis de Castilho Stival — 2024-12-17

O conceito de educação médica tem se desenvolvido nas últimas décadas. O estudo objetivou conhecer a situação atual do ensino de medicina sobre o uso de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA) nos cursos de medicina de Curitiba/PR, utilizando como base de análise a disciplina de anatomia. Trata-se um estudo descritivo exploratório, com abordagem quantitativa, envolvendo professores de anatomia de escolas médicas. Realizou-se em três etapas: diagnóstico situacional, intervenção com RV/RA e percepção dos professores pós-intervenção. A maioria dos professores usa peças anatômicas e técnicas de dissecação (78,6%) e 46% desconhecem a RA e RV. Como pontos negativos foram citados o custo das tecnologias (53,6%), insegurança (50%) e o desconforto dos professores (43%). Como pontos positivos foram referidos o interesse dos estudantes e a facilidade de administração do conteúdo. A aceitação dessas tecnologias foi maior nas instituições privadas e para professores com menor tempo de formação e de docência. A maioria dos professores considera possível o uso da RA/RV. Novas pesquisas nesta área são necessárias, para facilitar a divulgação e implantação de RA e RV nas instituições de ensino de medicina do país.

Transformando desafios cotidianos em oportunidades de aprendizagem: projetos de robótica na educação profissional com suporte do ChatGPT

Tatiana Vieira dos Santos Paiva — 2024-12-17

Este relato descreve o desenvolvimento de projetos de robótica com suporte de uma Inteligência Artificial (IA) a partir de situações-problema da comunidade escolar, realizado com estudantes da segunda série de um Curso Técnico em Informática Integrado da cidade de Vitória da Conquista, na Bahia. A atividade foi desenvolvida em três etapas: apresentação do problema, criação do circuito, construção e apresentação da maquete no pátio da escola. O ChatGPT foi utilizado nas três fases para correção do objetivo e apoiar na solução de problemas que surgiram na montagem dos circuitos e na elaboração dos códigos. A produção dos dados foi feita através dos registros da professora, de formulários eletrônicos, dos recortes de diálogos com a IA e das maquetes criadas. Os resultados demonstraram habilidades como autonomia, uso consciente e crítico das tecnologias, aplicações reais da linguagem de programação, conhecimentos na montagem de circuitos com elaboração dos códigos do Arduino e utilização da IA como um assistente no desenvolvimento dos trabalhos. Os estudantes também consideraram ter atingido os objetivos e se sentiram satisfeitos com os resultados.

Conhecimentos tradicionais e a interação entre indivíduos e natureza na região amazônica segundo a visão de Edgar Morin

Ronaldo dos Santos Leonel — 2024-12-17

Este estudo busca compreender a divisão das áreas de estudo e dos conhecimentos tradicionais, explorando a relação entre o ser humano e a natureza na região Amazônica. Utilizando o método dialético-hermenêutico em pesquisa qualitativa, investiga-se como a visão moderna contribui para a fragmentação das áreas de estudo e dos laços humanos. O modelo colonial contrasta com a abordagem holística dos conhecimentos locais em relação à natureza, oferecendo uma visão complementar da realidade. A interação entre o ser humano e o meio ambiente reflete uma mudança na concepção sobre a natureza, enfatizando aspectos utilitários e resultando em uma crescente fragmentação dessa relação. Essa fragmentação é crucial para Edgar Morin, que propõe a complexidade como uma abordagem mais inclusiva, integrando a esfera antropológica com outras disciplinas. As estratégias para o desenvolvimento da região amazônica devem combinar conhecimento científico com saberes locais, transcendendo a visão tecnocrática e preservando as especificidades cultural e a biodiversidade.