INTERIN

Editorial

Marcio Telles — Dom, 17 Dez 2023 21:05:18 -0300

Em 2006, a Revista INTERIN emergiu como uma expressão da visão singular do poeta e professor Décio Pignatari, então integrante do PPGCom da Universidade Tuiuti do Paraná. A concepção inicial do título, um ambicioso funil invertido com a palavra “ter” no centro, metaforizava a ambição do poder, e deu origem a uma publicação que se consolidou ao longo dos anos como um espaço dedicado à interconexão, intertextualidade e interdisciplinaridade. “In + ter + in” encapsula a essência da publicação, cujo propósito é conectar, negociar e relacionar, oferecendo um espaço fluido e dinâmico para a expressão de ideias.

Apresentação

Aline Vaz, Anderson Lopes da Silva — Dom, 17 Dez 2023 00:00:00 -0300

É com grande entusiasmo que apresentamos o segundo volume do nosso Dossiê sobre a “Cultura do Streaming: Perspectivas Globais”, uma compilação de análises e reflexões científicas que abrangem os mais diversos aspectos dos fenômenos midiáticos que têm transformado radicalmente a maneira como consumimos conteúdo audiovisual. Nesta edição, reunimos contribuições valiosas de pesquisadores renomados e especialistas que se debruçaram sobre diferentes facetas da produção, distribuição, circulação e consumo das novas formas de comunicação contemporânea no streaming.

Apontamentos para a discussão sobre o “Padrão Globo de Qualidade” no Globoplay

Eutália Ramos, Gabriela Borges — Dom, 17 Dez 2023 21:16:37 -0300

A discussão sobre a qualidade televisiva é ampla e possui diversas variáveis, principalmente ao considerarmos o contexto em que está inserida. A partir disso, refletimos sobre as relações do conceito com o padrão adotado pelo Grupo Globo em suas produções para a televisão (TV Globo) e para o streaming (Globoplay). Para este artigo, realizamos uma pesquisa exploratória com o intuito de compreender o cenário e observar se o “Padrão Globo de Qualidade” está presente nas produções denominadas como Original Globoplay. Além disso, procuramos entender se é possível considerá-las como um desdobramento desse padrão no streaming. Neste sentido, questionamos se a empresa está desenvolvendo um novo padrão de qualidade da produção audiovisual.

Práticas de produção e consumo no mercado televisivo brasileiro na era pós-rede

Ana Paula Silva Ladeira Costa, Sonia Virginia Moreira — Dom, 17 Dez 2023 21:19:57 -0300

A partir dos anos 2000, o desenvolvimento da produção audiovisual independente e o surgimento de plataformas de streaming resultaram em novas práticas de produção e de consumo televisivo. Com o objetivo de compreender o mercado televisivo brasileiro a partir dessas mudanças, realizamos um levantamento para localizar ocorrências seguindo três eixos: gêneros audiovisuais produzidos, agentes produtores para o mercado brasileiro de streaming e tendências verificáveis de consumo em plataformas digitais. A pesquisa qualitativa foi organizada em torno de revisão bibliográfica, de entrevistas em profundidade e de análise de audiência dos programas televisivos na plataforma Netflix Brasil. Os resultados mostram que as audiências priorizam o consumo de conteúdos locais; as produtoras estão localizadas no eixo Rio-São Paulo e que existe uma tendência de produção e consumo de conteúdo seriado.

Curadoria no streaming

Ana Camila de Souza Esteves — Dom, 17 Dez 2023 21:25:47 -0300

Considerando as disputas em torno do conceito de curadoria no contexto midiático contemporâneo, este artigo busca contribuir com a discussão ao apresentar algumas notas de análise sobre práticas curatoriais no universo do streaming. A partir da atuação da Netflix, proponho o tensionamento da própria ideia de curadoria ao defender que a empresa norte-americana oferece uma estratégia curatorial de conteúdos para o seus diferentes públicos (alcançados e a alcançar) para além das lógicas algorítmicas dos serviços VOD. Conto com a colaboração das reflexões teóricas de Amanda Lotz (2017, 2021) sobre a Netflix como curadora de audiovisual em nível global, e de outros teóricos do streaming como Ramon Lobato (2019) e Mattias Frey (2021) sobre a natureza desses serviços e a dimensão curatorial de suas atuações no mercado.

O consumo de filmes em plataformas de streaming

Marcelo Gil Ikeda — Dom, 17 Dez 2023 21:28:28 -0300

A intensa concorrência das plataformas de streaming com os segmentos de mercado já estabelecidos tem provocado o rompimento da estruturação em janela (windowing), pilar a partir do qual se estruturou o mercado cinematográfico após a ampla difusão dos chamados mercados ancilares. O artigo busca analisar em que medidas as novas plataformas desestruturam a lógica de escalonamento prevista pelo windowing, e os impactos gerados especialmente para a produção e a distribuição de filmes independentes. Ao final, com base em dois estudos de caso (MUBI e Embaúba Play), buscaremos examinar diferentes estratégias de plataformas que privilegiam filmes de nicho para a composição de seus catálogos.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia e a cultura do streaming

Lizbeth Kanyat — Dom, 17 Dez 2023 21:30:42 -0300

A pesquisa busca refletir sobre as respostas da Igreja Adventista do Sétimo Dia, enquanto organização religiosa sem fins lucrativos, frente à cultura da mídia e a cultura do streaming, com ênfase na análise da produção de ficção televisiva. Para a análise utilizamos a proposta metodológica de Philip Napoli (1998) que sistematiza quatro tipos de resposta estratégica de organizações midiáticas frente as disrupções tecnológicas: indiferença, resistência, diferenciação e diversificação. Como resultado da análise dos tensionamentos entre o adventismo e os meios de comunicação, encontramos a presença destas quatro posturas, sendo a mais recente a diversificação, dado o uso de serviços sob demanda e a inauguração de duas plataformas de streaming.

Streaming para além do sexo

Maurício João Vieira Filho, Ricardo Desidério — Dom, 17 Dez 2023 21:32:58 -0300

Recentemente, pessoas anônimas e famosas têm ganhado milhares de dólares por mês na OnlyFans comercializando conteúdos sexuais e nudez. Essa emergência da plataforma, fundamentalmente após o surto da pandemia de covid-19, chama atenção pela centralidade que os corpos ganham nos mecanismos de comercialização e como se constroem para serem visíveis. Neste sentido, objetiva-se refletir como a OnlyFans altera lógicas do streaming para o consumo personalizado e como o corpo é central na produção de sentidos da plataforma. O artigo se desdobra em duas seções: (i) plataformização, vigilância e extimidade, a fim de entendermos como se entrelaçam por possibilidade de se exibir e faturar; (ii) corpos, nudezes e pedagogias que educam e constituem os usuários da plataforma. Espera-se ainda, que outras implicações para os estudos comunicacionais se desdobrem em análises a partir da OnlyFans.

Netflix como a plataforma da nostalgia “invertida”

Maximiano Duval da Silva Cirne, Gustavo Daudt Fischer — Dom, 17 Dez 2023 21:36:06 -0300

Discutimos, a partir de uma breve flânerie em imagens associadas à Netflix pela experiência de navegação na plataforma e através de publicações nas redes sociais, a ideia de uma “inversão” dos sentidos que associam inicialmente a nostalgia à dor melancólica pela passagem do tempo para tornar-se uma prática comunicativa cujo intuito é gerar bem-estar e interação com o público. Enquanto tendência da cultura audiovisual voltada ao consumo de experiências saudosistas, a Netflix emerge em nossos resultados, com destaque para a série Stranger things (2016), como a plataforma da nostalgia “invertida”, uma vez que tenciona os sentidos mais usuais do termo.

Novas temporadas do velho capitalismo

Fabio Camarneiro — Dom, 17 Dez 2023 21:39:07 -0300

Nestas notas para uma história das estruturas narrativas seriadas, lembramos que o surgimento do romance está ligado a novas compreensões do indivíduo (WATT, 2010) e novas relações sociais impostas pelo capitalismo (MORETTI, 2020), valores que estão também na base das séries contemporâneas. Nelas, podemos perceber reflexos de episódios históricos recentes — como uma consequente crise de certo modelo de masculinidade, decorrente da segunda onda do feminismo — mas também traços da individualidade exacerbada e da concorrência desenfreada preconizadas pela razão neoliberal. Mais que outras manifestações culturais, as séries revelam diversas facetas do capitalismo contemporâneo, entre elas o “horror ao fim”, sentimento que surge a partir de uma negação em relação às mudanças climáticas em curso no planeta e que acabam por contaminar a própria experiência de fruição das séries televisivas.

Consumo simbólico de marcas como protagonista da publicidade de causas

Daniel Dubosselard Zimmermann, Vânia Penafieri — Dom, 17 Dez 2023 21:43:15 -0300

Este estudo é uma reflexão expandida de parte de pesquisa sobre Consumo, Marcas e Opinião Pública e busca entender e discutir o fenômeno da publicidade de marcas e, em certo sentido, diferenciá-la da publicidade social. As metodologias utilizadas foram a pesquisa exploratória de dados secundários e a análise comparativa de casos para desta forma tentar definir parâmetros conceituais e assim selecionar os casos capazes de exemplificar sua aplicação em cenário real de consumo simbólico de marcas inseridas nos contextos das causas sociais. Os resultados buscam promover o debate da temática no âmbito da comunicação organizacional das marcas, da publicidade, das relações públicas e, principalmente, na articulação entre pesquisadores e profissionais de mercado.

Um outro contexto, mas o mesmo fenômeno

Gabrielle Camille Ferreira — Dom, 17 Dez 2023 21:45:51 -0300

Resenha do livro Turkish Cinema and Television Industry in the Digital Streaming Era (2022). O livro é organizado pelos pesquisadores Tuna Tetik, Deniz Gürgen Atalay e Nilay Ulusoy, filiados ao departamento de Film and Television da Bahçeşehir University, na Turquia. A partir de diferentes perspectivas, os capítulos que integram o livro exploram as mudanças que as plataformas de streaming estão trazendo para a indústria do cinema e televisão na Turquia.